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LENDAS DO FUTEBOL: Zico o «galo» que levantou a crista para o Mundo
A história de Arthur Nunes Coimbra, mais conhecido no futebol como Zico, no Flamengo começou em 1967, na escolinha do clube. Zico foi levado pelo radialista Celso Garcia, que, convidado por Ximango, um amigo da família Coimbra, viu Zico arrasar numa partida de futebol de salão do River. O míudo marcou nove golos na retumbante vitória de 14-0. Mas por pouco Zico não foi parar ao América, já que o irmão Edu tinha acertado, naquela mesma semana, tudo com a escolinha do clube Alvi-Rubro. A paixão pelo Flamengo falou mais alto. O primeiro jogo no Maracanã aconteceu três anos depois, ainda pela escolinha do Flamengo. O ‘violino’ Carlinhos, que mais tarde viria a ser formador de talentos e treinador campeão pelo clube, estava a despedir-se da carreira de atleta num jogo entre Flamengo e América, que terminou empatado em 0 a 0. Zico recebeu de Carlinhos o par de chuteiras, instrumento de trabalho que era arma poderosa nos pés do habilidoso e cerebral centro-campista Carlinhos.

As vitórias já eram uma rotina para Zico, goleador do Flamengo, quando o Brasil conquistava o bicampeonato mundial no México. Em 71, passou para o Juvenil e marcou seu primeiro golo diante dos adeptos que o consagraram. Foi de penalty, num empate 1 a 1 contra o Botafogo. A enorme capacidade de trazer a responsabilidade para si nos momentos difíceis, faria de Zico um jogador especial. Mas, curiosamente, um penalty ainda marcaria sua carreira. Na Copa de 86, contra a França, Zico despediçaria uma marcação durante o jogo e o escrete Canarinho acabaria eliminado nos quartos-de-final.

GLÓRIAS E FRUSTRAÇÕES


A geração de Zico nasceu junta na Gávea. Adílio, Andrade, Júnior, Rondineli e cia, que levaram o Flamengo aos principais títulos da história do clube- a Libertadores e o Mundial, ambos em 81-, tinham a cara do clube e um jeito de família. Para Zico, a formação de uma grande família rubro-negra foi a essência da conquista. Por isso mesmo, ele tratou rapidamente de construir a sua ao lado de Sandra, vizinha e primeira namorada, que se tornou companheira fundamental nos momentos mais dramáticos da carreira do Galo, como era carinhosamente apelidado. Os frutos de seu casamento são três filhos: Bruno, Thiago e Júnior. Os três entraram no mundo da bola e dois deles ainda jogam. Thiago, o mais novo, actua na equipa de juniores do Flamengo e Júnior foi jogar para jogar no Tosu, do Japão. Já Bruno preferiu a música e vai lançar um cd na terra do sol nascente.

Se em 71, Zico marcou seu primeiro gol no Maracanã e começou a experimentar o gosto de comemorar uma vitória do Flamengo no campo e não nas arquibancadas, no ano seguinte viveu a primeira grande decepção, que ele aponta como a maior. Já começava a jogar entre os profissionais e voltou para a equipa juvenil com a promessa de que se continuasse amador disputaria as Olimpíadas em Munique, na Alemanha. No momento decisivo, o anúncio da lista, Zico estava fora. Foi deixado de fora pelo técnico Antoninho. Quase abandonou a carreira de tão decepcionado que ficou. Nesse momento, foram os irmãos que o convenceram a seguir em frente.

Quando começou a jogar na equipa profissional, rapidamente os títulos apagaram essa tristeza. Dois campeonatos brasileiros depois Zico era vencedor apesar do desastre do Mundial de 82, quando a Itália eliminou aquela que é apontada por muitos como a Selecção Brasileira com o futebol mais bonito da história, e que não foi campeã. O mundo soube reconhecer isso e propostas não faltaram para Zico deixar o país. Foi somente pela força do futebol italiano que o Galo acenou com um até breve ao Flamengo. Na segunda proposta dos italianos e, mesmo assim, depois de frustrada uma operação comandada por Zico para cobrir a oferta da Udinese, ele seguiu para entrar na história do futebol europeu, em 1983. Levou o modesto Udinese a resultados surpreendentes, encantou os adeptos e infernizou os guarda-redes com a marcação de livres directos, uma das suas maiores armas.

No regresso ao Brasil, duas temporadas depois, aconteceu aquilo que todos temiam. A agressividade de um jogador do Bangu chamado Marcio Nunes, tirou Zico dos relvados e atirou-o para a rotina de cirurgias e fisioterapia para recuperar o joelho, obrigações que o iriam acompanhar até o final da carreira. Apesar disso, no Mundial de 86, Zico estava em campo, a sacrificar-se. O penalty, a decepção e a volta por cima estariam no roteiro a partir do momento em que foi ao México.

No Flamengo, ainda no ano de 1986, Zico voltou a brilhar e, mesmo longe das melhores condições, foi o maestro na conquista do título nacional de 1987, contra o Internacional, em pleno Maracanã. Carlinhos, aquele mesmo que cedeu sua chuteira 17 anos antes, estava lá, treinando o Flamengo. Reconhecendo o sacrifício de Zico, a torcida que lotou o Maracanã na final, não cansou de gritar após o jogo contra o Inter: ‘Hei, hei, hei... o Zico é nosso rei’. E ele foi obrigado a voltar do balneário após o jogo para retribuir o carinho.

O FIM DE UMA ETAPA

O momento de parar aproximava-se para marcar o fim de uma fase. No competitivo e muitas vezes violento futebol brasileiro, já não dava mais para o Galinho, que ainda jogou e foi campeão da Taça Guanabara de 89 e 90. Uma rápida passagem pela política, quando Collor de Melo foi eleito presidente, e marcas definitivas no desporto figuram na história de Zico. Apesar do período conturbado, o génio, alheio a um outro jogo que estava a ser disputado nos corredores de Brasília, plantou a semente de uma lei que hoje dá passe livre aos atletas, entre outras mudanças significativas no desporto brasileiro.

No mesmo ano, tornou-se presidente de clube ao criar o Rio de Janeiro, que depois teria de mudar para CFZ do Rio. Paralelamente a criação do clube, Zico colocou em prática o sonho de um centro de treinos com toda a estrutura para a formação de craques. Localizado na Barra da Tijuca, num terreno de 40 mil metros quadrados, foi inaugurado o Centro de Futebol Zico. A péssima administração do futebol carioca obrigou-o a abortar o sonho de um clube profissional que competisse no campeonato Estadual, mas o CFZ funciona normalmente nas categorias de futebol jovem e tem jogadores profissionais nos principais clubes do Rio e no CFZ de Brasília, franquia de sucesso e que procura um lugar na Série C do Brasileirão.

Em 91, Zico assina contrato de três anos com o Sumitomo, do Japão, para um trabalho de desenvolvimento do desporto no país. E os três anos multiplicaram-se de modo que Zico hoje é Jico san. A família está estabelecida nos dois países e o Galinho até fala o dialecto japonês. Para se ter uma ideia, no Brasil a despedida de Zico foi um show no Maracanã, em 1990. No Japão, a homenagem foi um espetáculo impressionante com tecnologia, calor humano e o reconhecimento de um trabalho que parece que voltará um dia a passar por lá. Hoje, Zico, depois de passar pelos turcos do Fenerbache, é o novo técnico do Bunyodkor, clube do Usbequistão que contratou recentemente o veterano médio brasileiro Rivaldo.

Mas fique a saber que um dos maiores sonhos da vida de Zico é treinar o ... Sporting! Pois é, o pai de Zico era português e sportinguista ferrenho. Um dos seus sonhos era ter visto o filho jogar ou treinar o clube de Alvalade e Zico já afirmou publicamente que tudo fará para que um dia possa satisfazer um dos maiores desejos do seu pai.


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publicado por Bruno Leite
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