Todos assistimos à vergonha de sábado no Benfica-Sporting, a final da Carlsberg Cup. Mas parece que estamos somente a centrar-nos, embora esse seja um ponto fulcral e importantíssimo, sobre Lucílio Baptista. Vamos por partes.

Quando vi o onze inicial do Benfica pensei, afinal é desta Quique! que o Benfica vai explanar todo o seu futebol com um 4-4-2 em losango com Suazo e Nuno Gomes na frente, Aimar no vértice mais adiantado do losango e no apoio directo, como n.º10 que é, aos avançados e um restante trio de meio-campo composto por Reyes, Ruben Amorim e Katsouranis. Pois bem, nada mais errado!

Suazo jogou na frente com o Gomes, mas no meio-campo deu-se a surpresa total. Reyes, um extremo-esquerdo jogou na direita (embora não fosse já a primeira vez), Pablo Aimar, "O Dez", jogou como médio-esquerdo, enquanto Ruben Amorim e Katsouranis dividiam as despesas do meio-campo defensivo. Como seria de esperar, não resultou...

O Sporting alinhou sem surpresas, pelo menos Paulo Bento tem-se mantido fiel às suas próprias ideias, enquanto Quique parece ainda não ter encontrado e consolidado as suas, embora o considere um bom treinador há ali alguma coisa que ainda está a falhar.

O jogo foi uma abstracção daquilo que eu, e certamente grande parte dos amantes do futebol esperavam. Ou seja, estádio cheio, condições climatéricas excelentes, final de tarde/início de noite, melhor tv "sharing" da época num jogo em Portugal e, à partida, dos melhores intérpretes que há em Portugal. O que é certo é que Liedson, Suazo, Rochemback, Reyes, Nuno Gomes, Derlei, Katsouranis, João Moutinho, Pablo Aimar, entre outros, não foram capazes de dar-nos um bom espectáculo de futebol, nem bom nem mais ou menos. Foi mesmo muito fraquinho. Temos, definitivamente de começar a aumentar o nosso nível de exigência não só para com os árbitros que têm de facto uma falta de qualidade incrível, mas também para com os jogadores, pois alguns têm, ou pelo menos são identidicados como craques e espremendo a laranja não se vê nada, ou muito pouco.

Lucílio Baptista esteve ao seu nível, não me causou grande espanto a sua arbitragem, visto ser um dos árbitros com os quais eu realmente antipatizo. Não porque não goste da cara dele, mas sim porque não lhe descubro qualidade para que seja um árbitro de categoria. Dir-m-ão vocês que ele chegou a internacional e esteve presente em competições de relevância. É verdade, mas eu dir-vos-ia que o Nelo, o Tavares, ou o Beto (ex-Benfica)também jogaram na Liga dos Campeões e todos eles chegaram aos quartos-de-final da competição, embora em épocas bem distintas. Julgo que para bom entendedor...meia palavra basta.

O penalty marcado a favor do Benfica, o tal lance em que Pedro Silva tocou a bola com o ombro e não com o braço pode parecer à primeira vista o mais grave de tudo isto. É MUITO grave, mas eu diria que o mais grave ainda seguiu-se nos dias seguintes; quando Lucílio foi à SIC explicar a decisão. Primeiro diz que viu o penalty e por isso é que marcou. Mas não explica porque razão é que, se tinha certeza que era penalty, pediu opinião ao fiscal de linha que estava mais bem colocado para ajuizar o lance. Ora se tem certezas não precisa de confirmar, certo? Em segundo lugar, se o fiscal de linha diz que não vê o penalty e estava no enfiamento da jogada, porque razão é que Lucílio acata a opinião do outro fiscal de linha que se encontrava com Pedro Silva de costas e não tinha visibilidade alguma para o lance? (recorde-se que se encontrava a 50 metros do lance e com péssima visibilidade) e por último se o próprio fiscal de linha, o tal que estava pessimamente colocado para o lance, afirmou que lhe parecia penalty porque razão Lucílio seguiu a sua indicação?

Portanto temos um penalty assinalado sem que nenhum dos três elementos da equipa de arbitragem tenha visto a falta. Primeiro porque ela não existiu, segundo porque todos dizem que ficaram com a sensação ou a percepção de...

É caso para dizer que mais valia terem ficado calados porque fizeram uma triste figura. De criticar e MUITO, a posição ridícula assumida pelo Benfica, personificada pelo seu Director de Comunicação, João Gabriel. O Benfica não teve culpa do que se passou e como tal não devia ter atirado achas para uma fogueira que já se encontrava bem acesa. Até porque, desde Soares Franco, passando por Moutinho, Liedson e Pereirinha, não houve uma palavra crítica do Sporting contra o Benfica, nem mesmo respondendo à provocação do doping levantada por Luís Filipe Vieira dias antes do jogo.

Tudo isto somado é= VERGONHA DO FUTEBOL PORTUGUÊS!

Até quando, meus senhores?

Às 19.45 rola a bola no Estádio do Algarve. Joga-se a final da Taça da Liga, a Carlsberg Cup, a segunda da história do futebol português, a primeira entre Sporting e Benfica.

Tudo a postos para o início da partida e com uma enorme surpresa no ataque do Benfica. Pela primeira vez desde que chegou ao Benfica, o treinador Quique Flores decidiu apostar em dois pontas-de-lança , são eles Nuno Gomes e David Suazo, relegando Pablo Aimar para a sua posição original "10", com Ruben Amorim na direita e Óscar Cardozo para o banco de suplentes.

Do lado do Sporting, Paulo Bento apostou na titularidade do guarda-redes Tiago, mantendo-se coerente à máxima de ultilizar o suplente nesta competição, à imagem também do que Quique tem feito no Benfica.

Vamos então aos onze iniciais.

O FC Porto garantiu o apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões pela primeira vez desde 2003/04, quando se sagrou campeão europeu, com o nulo registado no Estádio do Dragão a ser suficiente para afastar o Atlético de Madrid graças à regra dos golos marcados fora de casa.

Apesar da sua equipa estar obrigada a marcar para seguir em frente na prova, o técnico do Atlético, Abel Resino, optou por um certo conservadorismo na abordagem ao encontro, com Diego Forlán a ser remetido para o banco de suplentes e Sinama Pongolle a avançar para a titularidade. O 4-5-1 "colchonero" tinha como objectivo explorar a velocidade das alas, mas a verdade é que o FC Porto entrou personalizado e dominador. Rolando cabeceou ao lado logo aos dois minutos, cinco antes de Raul Meireles obrigar Leo Franco à primeira defesa da noite.

Com Sergio Agüero sempre muito sozinho na frente de ataque do Atlético e o meio-campo portista a pressionar incessantemente o adversário, o jogo foi decorrendo com maior regularidade junto da baliza visitante. Bruno Alves ficou muito perto de inaugurar o marcador aos 15 minutos, mas o seu livre directo levou a bola a passar a escassos centímetros da barra. O lance parece ter finalmente despertado o Atlético, que viu Luis Perea obrigar Helton a uma defesa atenta para canto. A partir desse momento a partida foi bem mais repartida, mas as ocasiões de golo dignas desse nome continuavam a rarear, excepção feita a um excelente disparo de primeira de Fernando ao qual Leo Franco correspondeu da melhor maneira.

No entanto, um lance de bola parada aos 66 minutos quase resultou no 1-0 para o Atlético. Simão cobrou um canto na direita e proporcionou o cabeceamento de Agüero, valendo ao FC Porto o facto de a bola ter saído ligeiramente por cima. Um cruzamento traiçoeiro de Raul Meireles foi desviado com mestria por Leo Franco, mas o guardião "colchonero" brilhou ainda mais no canto resultante. Rolando saltou mais alto que a concorrência e cabeceou com selo de golo, mas o instinto de Leo Franco salvou a sua equipa e manteve a incerteza na noite. O FC Porto estava cada vez mais confiante e um disparo de fora da área de Lucho testou mais uma vez os reflexos do guardião contrário, antes de Hulk quase marcar de canto directo, mas o esférico embateu na barra.

Apesar da obrigação de marcar estar do lado do Atlético, o jogo tinha agora sentido único, tendo Lisandro contornado o guarda-redes e acertado no poste aos 82 minutos, após uma brilhante assistência de Raul Meireles. O desperdício portista adiou os festejos do apuramento até ao derradeiro apito do árbitro, mas o sabor do sucesso, esse, dificilmente poderia ser mais saboroso, tal o esforço envolvido.

As manchetes dos jornais alemãs são arrasadoras para com as prestações do Sporting nos dois jogos com o Bayern de Munique e chega a colocar em causa o valor da equipa de Paulo Bento para estar numa competição deste gabarito. O jornal Kicker escreve "Um Bayern em delírio" que se limitou a "dar um passeio" aos quartos-de-final. O Die Welt regista "Bayern desmantelou o Sporting" acrescentando que os jogadores sportinguistas "são uma equipa desoladora, assustadoramente fraca." O Suddeutsche Zeitung dá destaque à desastrosa prestação do central leonino "Polga dançou a Polka".

"Foi um passeio até aos quartos-de-final, o Sporting não tem qualidade para estar neste patamar do futebol europeu, limitou-se a fazer figura de corpo presente", escreve, ainda, o Süddeutsche Zeitung.

O Bild noticia o recorde das goleadas do Bayern na Liga dos Campeões que pertence agora ao treinador do Bayern, e considera que o avançado Podolsky "deu show, com dois golos de sonho".